Fevereiro foi um mês negativo para os mercados de renda variável, e positivo para a renda fixa internacional. Nos Estados Unidos, os anúncios de Donald Trump de possível tarifação a diversos países causaram volatilidade nos mercados, mas ainda não há definição clara de alíquotas, escopo e abrangência dessas políticas. No Brasil, a queda de popularidade do Governo traz o risco de avanços populistas na política econômica, mais um possível fator inflacionário para o país, em conjunto com a guerra comercial dos EUA.
Nos EUA, a inflação IPC de janeiro ficou acima das expectativas, em 0,50% contra uma expectativa de 0,30%; e o payroll, dado de novas contratações, ficou abaixo do esperado, fechando em 143.000 novas contratações contra uma expectativa de 169.000. O PIB do quarto trimestre ficou dentro das expectativas, com crescimento de 2,3%. A ata da última reunião do FED (Banco Central dos EUA), divulgada no mês, destacou que mudanças nas políticas de comércio e imigração, e possíveis eventos geopolíticos são riscos para a alta da inflação. A taxa de juros de 10 anos, que representa a expectativa para a trajetória da taxa básica de juros definida pelo FOMC (Comitê de Política Monetária dos EUA), foi de 4,57% em janeiro para 4,23% em fevereiro, e o S&P 500 se desvalorizou em -1,42%.
Na Europa, os números de atividade continuam fracos. O crescimento do PIB da Zona do Euro está próximo de zero, e o da Alemanha ficou negativo no quarto trimestre. Na Alemanha, as eleições parlamentares foram vencidas pelo partido CDU (União Democrata-Cristã), considerado de direita. Ao mesmo tempo, observou-se variação importante na distribuição de votos entre os principais partidos.
A inflação na China ainda sugere risco deflacionário, sobretudo no setor industrial. O Governo chinês novamente estabeleceu uma meta de crescimento econômico de 5,0% para 2025.
No Brasil, as classes de renda variável e de renda fixa apresentaram resultados negativos no mês. Os dados econômicos de fevereiro indicaram arrefecimento da atividade econômica. Além disso, as pesquisas políticas passaram a indicar queda significativa da popularidade do presidente Lula, mostrando cenários eleitorais mais competitivos entre Lula e outros candidatos de oposição. A deterioração da aprovação do Governo traz o risco de um avanço populista na política econômica.
A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) referente à reunião de janeiro foi divulgada em fevereiro. O documento sugeriu que os riscos inflacionários continuam assimétricos para cima, com projeções para o IPCA que seguem acima da meta. O comitê também reforçou que a guerra comercial global representa um risco altista para a inflação, mas que os resultados desse conflito podem ter impacto inferior nas projeções econômicas conforme o cenário-base incorporado aos preços não se materialize.
Na renda fixa, a maioria dos índices e títulos públicos pré-fixados e pós-fixados apresentaram retorno positivo, porém inferiores ao CDI. Os piores resultados do mês foram dos índices prefixados com maior duração.
O CDI rendeu 0,99% e a carteira de renda fixa da FASC rendeu 0,93%, ficando 0,06% abaixo do benchmark. O fundo do Itaú apresentou retorno de 0,94%, abaixo do CDI em 0,05%, enquanto o do Santander teve retorno de 0,96%, abaixo do CDI em 0,03%.
Para a renda variável doméstica e internacional, os resultados no mês foram negativos. O Ibovespa apresentou retorno negativo e o IBrX-100 se desvalorizou em -2,68%. O índice Preço/Lucro do Ibovespa ao final do mês fechou em 9,37x, maior do que os 8,03x apresentados no final do mês passado, impactado pela queda considerável do lucro da Petrobras.
No exterior, o S&P 500 caiu -1,42%. Um dos causadores de maior volatilidade nos mercados de renda variável em fevereiro foi o receio em relação “guerra de tarifas” de Donald Trump contra diversos países, principalmente China, Canadá e México.
O fundo de renda variável do Santander obteve retorno em linha com o índice, superior em 0,04%. O resultado acumulado do fundo nos últimos 12 meses é negativo (-3,98%), e superior ao IBrX em 0,39%.
O Real se desvalorizou frente ao Dólar em 0,32% no mês. O MSCI World em dólares se desvalorizou em -0,81%, o que resultou em uma desvalorização em reais de -0,50%. O MSCI ACWI em dólares se desvalorizou em -0,70%, o que resultou em uma desvalorização em reais de -0,38%.
O fundo de investimento no exterior do Itaú se desvalorizou em -1,53% no período, obtendo retorno inferior ao MSCI em reais em 1,03%. Nos últimos 12 meses o retorno do fundo é de 35,81%, superior ao benchmark em 1,48%.
A carteira de multimercados apresentou resultado positivo no mês, de 0,41%, abaixo do CDI em 0,57%. No mês, apenas um dos fundos, o da Kinea, não obteve resultado positivo. Um dos fundos superou o benchmark no mês, o da Genoa, com excesso de retorno de 0,13%. O acumulado nos últimos 12 meses da carteira de multimercados da FASC permanece positivo, mas inferior ao CDI em -1,43%.
mês
ano
Últ. 12 meses
Últ. 24 meses
Últ. 36 meses
Últ. 48 meses
Últ. 60 meses
Rendimento
0,99%
2,05%
11,17%
25,30%
41,73%
49,59%
52,29%
Benchmark
0,99%
2,01%
11,13%
25,28%
41,58%
49,62%
53,16%
Rendimento
0,82%
1,69%
11,05%
25,11%
39,91%
46,74%
51,33%
Benchmark
0,94%
1,85%
11,83%
26,32%
41,77%
49,00%
53,41%
Rendimento
0,44%
1,31%
11,04%
25,55%
37,65%
42,59%
49,93%
Benchmark
0,65%
1,52%
11,65%
27,27%
39,68%
46,10%
53,40%
Rendimento
-0,11%
1,36%
9,57%
24,90%
33,13%
36,51%
45,36%
Benchmark
0,08%
1,56%
10,13%
27,14%
35,54%
41,84%
50,77%
mês
ano
Últ. 12 meses
Últ. 24 meses
Últ. 36 meses
Últ. 48 meses
Últ. 60 meses
0,99%
2,01%
11,13%
25,28%
41,58%
49,62%
53,16%
0,63%
1,31%
7,28%
15,67%
25,11%
29,93%
32,33%
1,31%
1,47%
5,06%
9,78%
15,93%
28,15%
34,81%
0,99%
2,01%
11,13%
25,28%
41,58%
49,62%
53,16%
-2,64%
2,09%
-4,82%
17,03%
8,54%
11,60%
17,88%
-2,68%
2,10%
-4,38%
16,87%
7,25%
10,33%
17,97%
-0,50%
-3,06%
33,83%
57,44%
45,31%
47,59%
131,06%
CDI: Certificado de Depósito Interbancário. Operação de curtíssimo prazo para captação ou aplicação de recursos excedentes entre os bancos, cuja taxa de negociação é muito próxima à Selic.
IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. É medido mensalmente pelo IBGE para identificar a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população.
IMA-B 5: o IMA-B 5 é o índice de mercado Anbima que representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-BS) com vencimento de até cinco anos.
Selic: a Taxa Selic representa os juros básicos da economia brasileira. É determinada pelo Banco Central do Brasil e baliza a política monetária do país.
IBOVESPA: o Ibovespa mede o desempenho médio das cotações das ações de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro.
IBRX: o Índice Brasil mede o retorno de uma carteira teórica composta pelas 100 ações mais negociadas na Bolsa de Valores.
MSCI WOLRD (PTAX): o MSCI World mede o desempenho médio de mais de 1.500 ações negociadas em diversos países. É mensurado em Dólar e convertido em Reais pela PTAX de venda, taxa de câmbio reportada pelo Banco Central do Brasil.